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Biblioteca de Indicadores ajuda a gerência de pequenas empresas

Reportagem: Maria Miqueletto e Mariana Enns | Editor: Mariana Enns

A Biblioteca de Indicadores foi criada pelo professor Gustavo Abib, chefe do Departamento de Administração da Universidade Federal do Paraná (UFPR).  O professor idealizou uma comunidade virtual onde as pessoas pudessem, de forma colaborativa, compartilhar seus conhecimentos em gestão de empresas. Com o objetivo de ajudar a pequena e média empresa a mensurar seus dados através dos indicadores, a Biblioteca também é ambiente para discussões sobre as melhores práticas em gestão de negócios. Foi a primeira iniciativa do gênero no Brasil e, um mês após o lançamento, já mostra resultados: mais de 500 inscritos. A Biblioteca conta com indicadores de todas as áreas da indústria, ferramentas gratuitas para as empresas, artigos e notícias sobre indicador e gestão. O Jornal Comunicação conversou com o Professor Gustavo Abib, que nos contou mais sobre seu projeto.

JC: Como percebeu a necessidade de um site como esse?

Gustavo Abib: Se você olhar as estatísticas do SEBRAE, tem um alto índice de empresas que quebram, no começo, no meio e no “final da vida”. Essas empresas quebram por vários motivos, os principais são problemas de gestão. Foi justamente buscando ajudar o pequeno empresário a melhorar a gestão do seu negócio que decidimos criar uma comunidade de prática. Não é bem um site, é uma comunidade de prática que opera de maneira colaborativa. A única coisa que eu fiz foi dar o pontapé inicial.

JC: Como funciona o site?

Abib: É como uma biblioteca, mas ao invés de livros tem indicadores. Cada indicador tem sua descrição, como ele é calculado, a direção – por exemplo: liquidez, que é o saldo da empresa, quanto maior, melhor, e a fórmula de cálculo. Contém indicadores dos mais diversos campos e está dividido em duas áreas: por indústria ou setor.

JC: A Biblioteca é destinada apenas à pequena empresa?

Abib: Com base nesse histórico que vem há anos quebrando as empresas, surgiu a ideia de ajudar a melhorar a gestão da pequena e média empresa. Não que a grande não possa utilizar, mas a ideia é melhorar essas duas. A grande tem condições de pagar uma consultoria.

JC: Como foi o processo de criação do site?

Abib: Eu comecei sozinho. Consegui engajamento de dois alunos da graduação e um do mestrado. Alguns colegas, professores daqui, também toparam participar. Como eu tinha experiência prévia com a gestão por indicadores, pensei “por que isso não pode estar na pequena empresa?”, mas eu não podia bater de porta em porta, então usei a internet.

JC: O que é uma gestão por indicadores?

Abib: A ideia do indicador é que ele possa te dar uma visão mais integrada da empresa. Além daqueles relatórios básicos, de receita, de despesas, de contas a pagar, o indicador te traz uma visão complementar na gestão do negócio. É ver coisas além da gestão tradicional.

JC: A recepção do site está sendo boa?

Abib: O lançamento foi há um mês e a comunidade tem em torno de 500 usuários, o que acho bom. As pessoas mais próximas entraram e elogiaram. Ainda não tive nenhum feedback além deste. Tem usuários de todas as áreas, desde a área pública e privada, até pequena e média empresa. O esforço de propaganda é mais no “boca a boca”.

JC: A Biblioteca tem apenas indicadores?

Abib: Não. Tem também a parte de ferramentas gratuitas para as empresas. Disponibilizamos artigos e notícias sobre indicador e gestão. Nosso objetivo é criar discussões sobre as melhores práticas. Hoje já é possível fazê-lo na parte de comentários. Mas brasileiro não é muito incentivado a isso, a gente só discute quando é coisa muito ruim, e talvez, um ou outro perca tempo comentando quando a coisa é boa.

JC: Existem outras bibliotecas como essa?

Abib: Essa é a única Biblioteca de Indicadores do Brasil. Existe em outros países, o único problema é que ela não é validada. A diferença da nossa é que tem um corpo científico que avalia os indicadores. É um trabalho extra, mas é o que garante qualidade no que está lá. Você manda um indicador, nós recebemos, conferimos, validamos e só depois vamos postar. Eu avalio, mas quando recebo um indicador sobre algo que não conheço, procuro um profissional da área para validar. A ideia do comitê científico é que ele possa validar todos os indicadores.

JC: Todos que entram no site podem colaborar?

Abib: Sim. Podem buscar informações e contribuir com comentários. Depois de fazer o cadastro na página, já pode colaborar. Não tem custo nenhum e é aberto a todos.

JC: Quem cuida do site atualmente?

Abib: Eu cuido. Eu fiz, paguei e cuido. Quando você gosta de uma coisa, você faz.

JC: Tem planos para a Biblioteca?

Abib: Nós pensamos, ao passar do tempo, em premiar os maiores colaboradores, criar boletins específicos para cada indústria e também criar instrumentos focados em cada setor. O problema da comunidade vem muito do perfil do povo brasileiro. Nós somos um povo muito sanguessuga, não temos o costume de colaborar.

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